Uma faca afiada desce escorregando à garganta
Ferindo os sonhos que ainda viriam me iluminar
E chega aos prantos do meu coração o fazendo calar
Com toda a audácia de quem a colocou em seu lugar
Ao fundo escuto uma gargalhada sem graça
Fazendo-me pensar no que eu deveria pensar
Mas qual o motivo de pensar quando já não se respira?
Quando já não circula o sangue em meu corpo
Vou ficando pálido e menos triste
Minhas unhas parecem perder a vida
Meus dedos parecem estar frios
Meu corpo não mais transpira
Sinto um enorme vazio
Já que minha alma está sendo retirada aos poucos
Em breves sussurros de vida a vejo
Não querendo sair assim tão repentinamente
O que fazer? Se, o tempo, não faz curvas.
Não posso voltar ao estado normal
Não quero sofrer novamente
Só sinto um arrepio que invade meu corpo
O que fiz para a morte querer me buscar tão cedo?
Será que são as noites em claro que me vejo passando?
Podem ser as pílulas de alegria que estou tomando
Ou até mesmo as estradas por onde estou andando
São tantos os porquês que temos numa hora tão delicada
Que nenhuma resposta é sincera e clara
Nenhum laço é tão forte que não se rompa
E nada é capaz de conformar a pessoa amada
Sei que meus cabelos vão continuar crescendo
Minhas ideias continuarão mudando parte do futuro
Meus olhos guardarão eternamente a imagem do meu assassino
E meu caixão apodrecerá aos poucos conforme o tempo vai passando
