Sobre as folhagens de uma rara árvore
Descansa aquele que um dia fora cheio de poder
Submisso à sua era que jamais irá voltar
Pede ajuda, calado, por não ter onde morrer
Ontem fez cem anos que ele acordou para a vida
Amanhã não saberá o que fazer
Hoje está mais próximo de sua partida
Mas agora ele só quer ajuda pra sobreviver
Entra num mundo que criou para fugir do mundo
Um lugar sem regras, sem despesas, sem impostos
Por algumas horas consegue ter paz
O que comer, o que beber, sonhar
E sonhando, pensa ter asas para voar
Alcançar tudo aquilo que um dia era seu
Acordado pensa apenas em dormir
Assim como o homem que ao seu lado morreu
Agora está em seu mais profundo sono
No lago de orgulhos mais profundo e limpo
Move-se como um animal livre, sem fronteiras
E passa por cima de toda e qualquer barreira
Mas num susto que parece interromper a vida
Volta à realidade, tendo pouco sonhado
Continua a mesma luta de todo dia
E descobre que seu espírito está, um pouco mais, abandonado
