Depois de horas de sol nos ombros, o homem se deita
Espera adormecer e despertar num paraíso repleto de pétalas de rosa
Mas o que ele encontra em seus sonhos são apenas espinhos
Sempre pronto para um sacrifício de forma majestosa
Vê um caminho iluminado, mas não os espinhos no chão
Sente apenas as agulhadas em seus pés rachados da terra roxa
Agulhadas cada vez mais profundas que chegam arder seu coração
Ainda assim continua caminhando, seu sorriso que range e não afrouxa
Inesperadamente avista um mar de rosas ainda mais profundo
Onde terá que nadar, fugindo do trem que o segue sem trégua e furioso
Mesmo com os espinhos o cortando em fatias, houve tempo para pensar
Num piscar de olhos estava num mar de sangue, mais doloroso, mais fundo
Talvez aquele sangue todo fora expelido pelos seus cortes, seus poros
Pensava na ironia de sucumbir por aquele que o alimenta e satisfaz
Ao cair em uma tremenda escuridão, percebe estar acordado
Ferido, ensanguentado e queimando pelas picadas de formigas
Levanta-se e tenta se livrar das pequenas víboras que não estavam saciadas
Joga-se ao chão, tentando livrar-se das impiedosas criaturas
Minutos depois, olha e mata uma das víboras que estava sozinha e indefesa
Sem pensar na casa das formigas que destruiu e quantas ali estavam mortas
Fica quieto mais alguns instantes e sente a dor sem ter chance de se aliviar
Então pensa em qual seria sua reação, se ele sua família estivessem bem
E de repente viesse um animal destruindo sua casa que acabara de terminar
Talvez, sem recuar, usaria seu instinto também
