Nada no ar
Nada na terra
Nada no mar
Tudo como se espera
A alma que se encontra desamparada é limpa
Apesar das suas vestes podres e rasgadas
Das suas mãos cheias de calo e ferida
E seus pés magros que nem a sustentam mais
Uma pessoa que nem merece receber perdão
Caída ali, na sarjeta, sem respeito ou dignidade
Tenta se levantar com a mão apoiada no chão
Ninguém a ajuda, pois não há espírito de fraternidade
Sem forças, não desiste, mas cai ao chão outra vez
Em outro lugar, outro mundo, outra realidade
Pobre alma que mais parece estar em estado de embriaguez
Pois a ilusão é mais tolerável que a verdade
E em seus sonhos de rosa, onde há muito verde e azul
Pisa firme, com forças nas pernas e esperança no olhar
Seu corpo límpido e formoso parecendo estar nu
Algo imenso e verdadeiro, seus olhos começam a lacrimejar
Sentindo o sangue mais fervente e veloz
Parece sentir-se linda e curada
Bem diferente da realidade
Onde fora abandonada
Este sonho parecia não ter fim
Enfim, uma alma que merecia ascender ao céu
Mas seu corpo não parece morto, nem estará
Enquanto não pagar o preço por ser tão cruel
