Alvo desta madrugada que me permeia
Tão lúcida e tão profunda
Onde me vi acorrentado ao destino
Preso nas memórias amiudadas
Senti-me ali, abraçado aos cobertores
Mal cheirosos, sorvados e deteriorados
Àquele chão frio e nada aconchegante
Como um abraço agudo e atilado
Alguns alimentos em decomposição
Juntos ao pote sujo de margarina
Um isqueiro puído e uma garrafa vazia
Fazem parte dos adornos de sua mesa
Um olhar vexado e temeroso
Como um animal machucado, amargurado
Falas confusas, túrbidas e irresolutas
Seus gestos desconexos e dilatados
Algo naquele lugar, tocou-me deveras
Como se houvesse uma ligação sombria
Sinto que me fora arrancado parte da alma
E algo me acompanhou e ainda me consterna
