Sábio Antônio que preserva calmaria
Certo dia entrou em desavença
Rodou três vezes à mesa de Maria
E sentou-se sem fazer pronúncia
Maria Maria preciso de auxílio
Venâncio não pode sequer me olhar
Que sai cuspindo fogo no pelas ventas
Tô danado pra renhir, assim não vou aguentar
Não tem um só dia que me deixa em paz
Pedrada, gritaria e tudo mais
Ou Venâncio enlouqueceu
Ou foi um bicho que lhe mordeu
Juro que não entendo
Nem conselho, muito menos um pedido
Esse velho irrefletido
Aparvalhado vai ficar
Maria Maria nem suspiro deu
Depois de muito pensar chamou ao filho seu
Antônio, essa guerra é antiga, pondere
Nem Venâncio sabe o que lhe aflige
Pensa ele, que não alimenta rancor
Mas nós dois sabemos quem é seu avô
De maleável, acha que se faz entender
Mas não passa um dia sequer sem esmorecer
Releve, está assim pelo protegido seu
Que pensa saber mais que um filho meu
Andava pelo mundo desatado
E agora, afeito, seria um bom predicado
Teve a ousadia de desafiar a sorte
Muitas vidas depois do primeiro olhar
Parece até que não tem medo da morte
Mesmo sabendo onde iria chegar
Faça como sempre, Antônio
Chame o menino de lado
E lhe peça paciência
Faça com ele haja com um pouco mais de sapiência
Deixe os caminhos abertos
Guie-o com sua voz doce e calma
Para que não tenha argumentos
Que possam inquietar sua alma
Deixe que, com Venâncio, eu me entendo
Faço pra ele um chá de manjericão e alecrim
Preparo aquele banho de arruda com guiné
Tenho certeza que assim ficará tranquilo
E se preciso for
Caso ainda não tenha resolvido
Dou-lhe um pouco do meu amor
Para que seu protetor fique assim, remansado
