Aos olhares sinceros
Risos extravagantes
Abraços arrochados
E cartas recíprocas
Eia, pois, viventes amordaçados
Andarilhos de caminhos sem volta
Sofreados levianos confinados
E sorrateiros distintos enamorados
Julguem ser o que sentem
Em seus calorosos âmagos
Soltem o brado que os sufocam
Derrubem os muros que os abraçam
Não deixem carregar um grão sequer
Da areia infinita que os escravizam
Tão movediça quanto inconfidente
Que os cegam, acalentam e entorpecem
A cada passo aclamado e liberto
Um suborno é oferecido aos receosos
Que temem o dia porvindouro
E tremem às ordens de seus algozes
Não devemos temer nosso futuro
Pois somos sementes do amanhã
Suspiros apiedados dos anjos
Um simples cintilar das estrelas
