Estado de desolação


 

Eu observei toda a noite passar 

Ouvi os primeiros sons dos pássaros 

Os últimos ruídos dos grilos 

Desliguei as luzes que me iluminavam 

 

Senti o aroma verde da manhã 

Os raios quentes do nascer do sol 

As últimas brisas frias da madrugada 

E pude sentar ao seu lado para chorar 

 

As noites sombrias da casa dos horrores 

Não se comparam ao silêncio doloroso 

Nem à solidão que passei esta noite ao seu lado 

Quiçá passa-la com os olhos fechados 

 

Minha mão sobreposta a sua 

Um gelado angustiante que aprecia meu tato 

Sua face ainda doce, menos ávida 

Um pouco menos vermelha, um pouco mais cor de rosa 

 

Um ritual cujo propósito eu não posso revelar 

Um dever de todos os membros 

Um único destino e vários caminhos 

Uma dor que será passada adiante 

 

Mal se foi e já sinto tanta saudade 

Ainda posso vê-la, tocá-la 

Mas este sentimento será o último 

Pois é nosso dever esquecer e enterrá-la 

 

Halphas com sua voz marcante 

Veio devorar o que meu coração sentia 

Tal corvo que é por sentimentos e sentidos 

Levou-me embora a felicidade e deixou afasia 

 

Então dormirei sem afago, sem tumulto 

Quem sabe ao certo qual será meu sonho 

Talvez uma fábula breve como a vida 

Ou uma arriscada escapada da morte 

 

 


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