Não adianta querer mudar o rio
Se a nascente continua a mesma
E não importa o tempo que levar
As águas sempre vão chegar ao mar
Não adianta nascer na burguesia
Pois pra má índole não tem educação
Só aprimoram os desejos mais insanos
Que por ventura irão levá-lo ao chão
Há um abutre faminto dentro de cada um
E não adianta mostrar espantalhos
Que acuados não nos lembramos de etiqueta
Pois, para as cruzes que nascem no chão, não há colheita
Astaroth com seus dois pares de asas
E sua beleza descomunal
Pousa sobre a casa dos horrores
O mês de agosto chega mais uma vez
O príncipe retorna como haviam profetizado
Para ceifar mais uma vez as vidas impuras
Agora cada parte do meu corpo estremece
Parece ser este o fim que o velho me contara as escuras
Será o dia da minha desencarnação
De um sacrifício e do fim das histórias
Quem poderá continuar relatando
O que aqui dentro estará acontecendo
Pecadores sem remorsos, assombrosos
Chegou o mês de agosto e com ele o calar vazio
As batidas mais lentas do coração, o mês sem voz
Digo por mim, orem por nós
