Há um tempo, vivia perdido
Saboreava a solidão com gotas de sangue
Estava escondido e afastado dos meus ancestrais
Ando meio acuado, após cem anos, não sou mais o mesmo
Levantei da tumba que me abraçava
Ainda com o pouco de sangue que me resta
Minha sede ainda me mantém vivo
E minha fúria escassa encurralada me clama
Sobrevoei as orgias incessantes da cidade
Na realidade tudo parece desigual
Mas, nos meus sonhos, ainda vivia no passado
Apenas o gosto do sangue jamais mudará
Cogitavam, meu retorno, pelos becos mais estreitos
Arrepiavam-se ao pensar nas trevas que em mim vingava
Mas ainda com receio, apreciavam a escuridão
Por minhas mãos salientavam a discórdia
O puro sangue, de que me alimento, desfalece a alma
Torna-as imprestáveis e vagueáveis
Como um sussurro que poucos ouvem
E se perdem no abismo da morte que desconheço
Preciso me alimentar dos poucos bons momentos
Apesar dos anos em devaneio, pouco me recordo de jovialidades
Minha luz profunda, de aparência opaca, esconde o meu vigor
Apenas, os que morrem por minhas mãos, a sentem
Enquanto continuo a minha caminhada em busca de poder
Espalho o terror onde minha vista consegue alcançar
Sacrifico meu luto para permanecer eterno
E tento não atrair a atenção daquele que possa me atormentar
