As trevas tomam conta da paisagem
Uma fumaça, sombria e fria, decora o local
Parece que, de mundo, pouco restou
Onde será que se encontra este animal
São muitos lamentos, muitas velas
Muitas religiões, mas um só Jesus
Muitas frases, ali escritas, esquecidas
Um ramo de flores mortas para cada cruz
Parece vagar sem rumo pela terra
Não há mágoa, não há perdão
Não há trégua, nem coração
Todos jogados, enterrados pelo tempo
Murmúrios e gritos aumentam a ilusão
Tumbas e capelas que parecem horripilar o ócio
Almas e gemidos perdidos naquela escuridão
Um lugar antigo, com flores já sem rocio
Mãos e braços, sem carne, puxando-o para baixo
Querendo arrastar outra alma para o inferno
Roubar o que ainda há de bom naquele único coração
E deixar, mais uma vez, o medo voltar a ser eterno
Com a cabeça confusa, amedrontada, sem opção
Não há régua que meça o caminho por onde fugir
Sem chance, sem tempo, nem razão
Uma irresistível forma da morte em seduzir
Não é uma alma que se entregou, é solidão
Não é pensamento, é abnegação
Uma renúncia da própria vida
Sem pesar ou arrependimento, sem saída
