Chego, com curiosidade, num lugar novo
Totalmente diferente de onde saí
Com um pesar de que será tudo igual
Talvez o precipício, onde antes caí
Aqui, as borboletas não são coloridas
Parecem morcegos assustando pessoas
As goiabas já nascem podres e bichadas
As mangas nem nascem mais
O sol que esquenta a paisagem
Frágil por não haver uma só árvore grande
As que haviam, sobraram apenas troncos
Onde ainda, sentam em cima, os hipócritas
Apenas nos morros possuem vidas
Mas não o bastante
Como um mar farto que rodeia uma ilha
Mas, em terra, não há o que comer
Parecemos ilhados
Sem suprimentos para uma refeição qualquer
A cultura é não ter cultura, nem postura
Cada um por si, assim deve ser
Mudar a si mesmo até mudar o mundo
Uma tarefa difícil, demorada, vazia
Voltar, nem pensar, pois tudo mudou
Acordar, quem sabe um dia
