No solitário abraço da paixão
Perco-me
Na ilusão da palavra sempre
Perco-me
Perco-me nas salivas da lua cheia
No suor das noites quentes de verão
Nos frios olhares da onça parda
Nos braços da fogueira de São João
Perdendo-me nas ruas do teu signo
Encontrei a flecha, a cruz e a espada
Deitei naquele velho banco empoeirado
E lembrei-me daquela estrela apagada
Nos papéis onde escrevera seu nome
Não há dobras nem marcas de tempo
Perco-me na escrita a carvão
Nos traços, no esboço que era paixão
Agora, mais velho, perco-me no olhar
Nas brisas que assopram a janela
Na noite que teima em demorar
No arroz queimado da panela
